Lula em Ramallah
Em Belém, ao lado do primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira de cruel "o bloqueio que vem sofrendo o povo palestino" e fez duras críticas à barreira construída por Israel na Cisjordânia.
"Sabemos qual é o primeiro desafio nessa caminhada. Vencer o cruel bloqueio que vem sofrendo o povo palestino. O muro de separação cobra um alto preço em termos de sofrimento humano e prejuízo material, sobretudo na Faixa de Gaza", disse.
"A asfixia imposta à Cisjordânia e a Gaza impede que a Palestina se beneficie dos fluxos de comércio internacional", disse Lula, prometendo ajudar na busca de uma solução que permita a criação de um Estado palestino.
A barreira que corta a Cisjordânia é formada por muros e cercas, já tem mais de 400 km de extensão e anexa parte da Cisjordânia a Israel, gerando o apartheid da população local.
O hotel onde Lula está hospedado e onde fez o discurso fica a cerca de 100 metros de uma parte do muro. Geralmente os chefes de estados e visitantes em geral se hospedam em alguma cidade israelense, evitando testemunhar a segregação palestina.
Ao comentar como o Brasil aumentou sua influência geopolítica, Lula disse que “isso parecia impossível” quando assumiu o poder.
“Ao longo de séculos, as nossas autoridades gostavam de ser submissas às chamadas economias ricas. A palavra correta é submissa, é de não lutar pela sua soberania, de não respeitar a si próprio, de não fazer valer as coisas que eram do Brasil. Nós sabíamos que a única maneira de conseguirmos isso era acreditar em nós mesmos”, disse Lula.
Comentando a iniciativa inédita entre presidentes brasileiros de visitar a região, Lula, que diversas vezes se referiu aos territórios palestinos como Palestina ou Estado Palestino, disse que esse é apenas o primeiro passo nessa aproximação.
“Nós estamos dando esse primeiro passo no estabelecimento de uma política entre o Estado brasileiro e o Estado palestino, uma política comercial mais sólida, mais forte e mais desenvolvida”, disse Lula.
O presidente voltou a mencionar que a resolução do conflito entre israelenses e palestinos torna necessários mais interlocutores e prometeu levar a questão à comunidade internacional.
“Agora, o Brasil participa do G20, do G90, do G70, do G20 comercial, do G14, do G13, do G8, do G5, do G4, ou seja, nós agora temos uma gama extraordinária de fóruns onde estão presentes vários países que têm muito a ver com a solução do conflito”, afirmou Lula.
“Não é possível a gente ficar numa década feliz porque caiu o muro de Berlim e, na outra década, ficar triste porque está se erguendo um muro dividindo o Estado de Israel e o Estado Palestino.”
“O Brasil sempre esteve interessado, mas nunca esteve tão interessado como está agora em encontrar uma solução”, disse o presidente, arrancando aplausos da platéia
Retirado da BBC Brasil.
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